domingo, 22 de janeiro de 2012

Dia 4: Tinogasta, AR - Copiapó, CH

Acordei cedo, pois faltou energia no hotel e desligou o ar condicionado do quarto. Olhei no relógio e eram apenas 6:00 da manhã. Levantei e comecei a me organizar, pois sabia que esse seria o dia mais difícel da aventura, devido a travessia da cordilheira, sua altitude e seus efeitos, assim como os quase 300 km de rípio que eram inevitáveis.

O café não estava pronto no hotel, e tendo em vista o padrão da pousada, nem esperei. Fui até uma loja de conveniência no centro, pois precisava levar garrafas de agua e algum lanche, ciente que por 550 km eu não encontraria postos ou lojas de conveniência. Aproveitei e tomei meu café da manhã aqui.

Tanque da moto cheio até o topo, pois próximo posto apenas em Copiapó, distante exatos 540 km daquele ponto. E deu certo! Quando cheguei a Copiapó e enchi o tanque, entraram 29 litros, utilizados nos 540 km, restando ainda 5 litros no tanque de 34 litros da GSA. Para motos com menor autonomia aqui é inevitável levar combustível, ou comprar avulso na ruta quando disponível. Tinha placa de venda de combustível na Aduana Argentina.

Rodei pelo asfalto até o passo, onde é necessária a parada para os devidos registros aduaneiros de saída da AR. De Tinogasta até o passo são 250 km de asfalto, os únicos do dia. A cada curva uma nova paisagem, em sua maioria dignas de cartão postal. A vontade é de parar a cada curva para registro, mas como o tempo não permite, assim registrei poucas delas, algumas abaixo.

Aqui não posso deixar de fazer um registro. As fotos, por melhores que sejam, jamais conseguem demonstrar a beleza natural desse local, a grandeza das montanhas e os milhares de detalhes esculpidos pela natureza. Em tempo, apenas quem se aventura dessa forma sabe o que é a mistura de sentimentos ao alcançarmos nossos objetivos e principalmente ao admirarmos a beleza desses locais, muitas vezes alcançados por tão poucos. Só quem já secou as lágrimas dentro do capacete e viveu momentos como esses, entende exatamente o que quero dizer.

Fato interessante que quando subia os últimos 1000 metros do passo, maravilhado com tudo aquilo, me dei conta que esta ouvindo e cantando a musica "nothing else matters" do Metálica dentre minha seleção de Rock anos 80/90 que me acompanha na estrada. Foi uma feliz coincidência com o momento que estava vivendo...

Voltando a aventura, a temperatura na saída de Tinogasta estava na faixa dos 23 graus. Logo aos 2.000 metros já era de 13 graus, caindo conforme a subida, chegando ao topo com apenas 5 graus, e aquele ventinho gelado característico da cordilheira. Só o fato de olhar para o lado e ver os vulcões cobertos de neve, e parecem tão próximo de você, já é suficiente para reduzir sua sensação termica.

Cruzei o passo na Aduana por volta de 10 horas da manhã e fui o segundo veículo a cruzar. Parece que poucos acordam cedo no domingo e resolvem "subir o morro". O veículo que passou antes foi um Honda com placas do Brasil, citou o funcionário da Aduana, muito gentil e prestativo. Percebendo que eu estava com frio, me serviu voluntariamente uma canéca de café quente, atitude que nos tempos atuais nos deixa com poucas palavras para agradecer tal gesto.

Voltando a ruta... O lado do Chile ainda esta um tanto intocado pelo homem, ao menos ainda não há asfalto e construções, e se avista os animais característicos dessa região correndo nos campos. Em determinado ponto, estacionei a moto em frente a um dos vulcões, sentei para beber uma agua e fazer um lanche de cereal, e não tenho palavras para descrever aquele momento de tranquilidade e silêncio, onde se ouvia apenas os sons da natureza...

Sobre a estrada e o ripel da qual é composta, não é mole não! Em algumas partes o solo esta bem compactado e se consegue manter velocidade na faixa de 100 km/h com segurança, porém surgem do nada bolsões de areia fofa, e ai o bicho pega... Em dois momentos me vi em maus lençois, ginetiando na moto para não ir ao chão. Em alguns pontos tem muita pedra solta, e a traseira vaibailando.... Foi um trecho muito tenso, pois precisa estar muito atento ao solo e suas mudanças.

Fiquei realmente cansado nesse dia, creio que devido a mistura do efeito da altitude e a tensão e esforço desse tipo de ruta. Nos últimos 100 km foram duros!

Do lado chileno em algumas partes tem muitos caminhões circulando da empresa que esta construíndo a nova estrada, assim imaginem o quanto eles tem prejudicado o ripel e tornado ainda mais complicado para os motociclistas.

Quem quiser conhecer essa ruta em sua forma original, deve fazer isso logo, pois logo a estrada estará terminada e veremos aqui ocorrer o mesmo que houve com os demais passos asfaltados, como San Francisco e o Jama.

Cheguei em Copiapó por voltas das 17 horas. Direto para o hotel.
Entrei no chuveiro com toda roupa, pois estava coberto de areia da ruta.

Amanhã ainda não sei o que será, pois estou adiantado no roteiro. Pode ser que tire um dia por aqui para descansar. Amanhã ao acordar, vou decidir...




























































Weber

2 comentários:

  1. MAXXI hermano,
    É muito legal ler teus relatos.
    Olhar as fotos postadas.
    Alguns caminhos "refaço".
    Outros adianto, mentalmente, o que me espera em termos de conhecimento e emoções.
    Sigo em tua "companhia"
    Um baita abraço.

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  2. bélissimo relato Weber. Parabéns pela aventura. Abraços

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