quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Dia 8: Corrientes, AR - Porto Alegre, BR


Acordei cedo e às 8:00 horas estava sobre a moto. Tinha duas missões antes de seguir viagem nesse último trecho da aventura. Fazer a troca do meu pneu traseiro, o qual trazia comigo desde Córdoba e encontrar um posto para completar o tanque.

No hotel me indicaram uma "gomaria" que estava acostumada a fazer troca e reparos em pneus de motos. Segui até lá e rapidamente, e por apenas 40 pesos, tive a troca realizada, com muito cuidado e capricho do hermano...

Na "gomaria" recebi a indicação de um posto Shell com nafta e que estava aceitando "tarjeta de crédito". Feito, pneu trocado e tanque cheio, assim tinha autonomia para chegar em Uruguaiana.

Segui a Ruta e cheguei na divisa próximo ao meio dia. Aproveitei para completar o tanque em um daqueles postos antes da Aduana e deixar meus pesos restantes na Argentina.

A aduana estava bem movimentada, mas creio que não levei mais de 30 minutos e já estava rodando no Brasil.

No Brasil segui pela BR 290 até POA. Aqui o movimento estava intenso, em sua maioria veículos Argentinos em ambos os sentidos, os quais dirigem de uma forma "frenética" em nosso País, coisa que não fazem normalmente no território deles. Por duas vezes fui obrigado a buscar refúgio no acostamento devido a ultrapassagens forçadas por eles no sentido contrário.

Cheguei em Porto Alegre às 19:30, ao recanto do lar e aconchego da família.

Aventura completa, e satisfeito com o resultado!

Como nessa reta final não tem nada de muito interessante, não puxei a máquina fotográfica, ficando por aqui apenas o post, sem fotos.

Weber

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Dia 7: San Pedro de Atacama, CH - Corrientes, AR


Hoje o dia foi longo...

Acordei como de costume por volta de 6:30. Estava apenas 8 graus, assim me preparei para o frio severo que deveria pegar sobre a cordilheira. Passei no posto, e devidamente abastecido fui para Aduana, a qual já tinha longa fila, incluíndo uma turma de BMW de São Paulo, também iniciando o retorno. Depois de uma hora liberado para seguir à diante, isso já por volta das 9 horas.

Subindo a cordilheira o frio foi aparecendo aos poucos, até surgir no painel o mínimo de 3 graus. Acabei passando a turma de SP na subida pois minha tocada estava mais forte, esperando vencer o quanto antes aquele frio.

Chegando na Aduana do lado Argentino, lá no Jama, enquanto fazia minha entrada, chegou a primeira dupla da turma de Sampa, e para surpresa de todos, um dos paulistas grita por socorro, batendo o queijo, o qual foi prontamente foi atendido pelos carabineiros. Em seguida foram chegando os demais companheiros prestando auxílio aquele que estava despreparado para tamanho frio...

Segui minha tocada, e logo aparece uma chuva para reduzir ainda mais a sensação térmica... Isso mesmo, chovendo no deserto, coisa que tem ocorrido com freqüencia nos últimos dias... Depois da chuva, fortes ventos, tornando a pilotagem complicada, com a moto inclinada, e MUITO frio...

Chegando perto de Punamarca, quando inicia a descida o tempo fechou, literalmente... Uma nuvem enorme cobria tudo, e a visibilidade era quase nula... Segui a descida, serpenteando a montanha em pé na moto buscando as linhas no chão, e também guiado pela estrada desenhada no GPS... Lá pelos 2.000 metros que o tempo abriu o novamente o sol brilhava. Rapidamente a temperatura já beirava nos 15 graus.

Devido a chuvas de dias anteriores, havia na estrada quatro pontos em meia pista devido a deslizamento, ainda com todo material sobre a pista.

Passei direto por Susques programando fazer o primeiro abastecimento em Jujuy. Adivinhem? Passei em 2 postos e nada de Nafta. Como tinha mais 140 km de autonomia no painel, resolvi seguir até Salta.

Chegando a Salta, novamente problemas... Entrei em 3 postos sem nafta, nesse terceiro o frentisma me informou em qual posto em conseguiria. Chegando lá uma enorme fila e uma limitação de 100 pesos por veículo. Conversando com o gerente consegui um abastecimento de 150 pesos, o que me dava 2/3 de tanque.

Em contato com o pessoal na fila das motos, pois fiquei quase 40 minutos aguardando minha vez, um Argentino informa que em Cayafate não estava tendo problemas, assim resolvi seguir viagem, pois não estava tranqüilo com essa questão, e eram apenas 15 horas, e estava disposto a rodar mais naquele dia.

Seguindo viagem, fui parando em todos os postos, e quando tinha gasolina eu completava o tanque. Encontrei a maioria dos postos com placas indicando a ausência da gasolina. Vale salietar que em função dessa falta de gasolina esta impossível abastecer com cartão de crédito, todos postos dizem que o cartão de crédito foi suspenso... Sorte que eu tinha comigo uma boa reserva em "efectivo". Quando passei em Salta aproveitei para fazer o cambio dos pesos Chilenos para Argentinos, pois dada essa situação, se faria necessário.

Na região do Chaco a temperatura a tarde chegou aos 38 graus, como é comum por estas bandas. Quando a noite foi chegando a temperatura se tornou mais agradável e acabei tocando direto até Corrientes, fazendo nesse dia a km prevista para dois dias, assim adiantando em mais um dia meu programa. Foram quase 1.400 km, chegando em Corrientes por volta das 23 horas.

Me instalei em um hotel seguindo indicação de um maxi amigo, passei num restaurante perto do hotel para um lanche, e logo estava descansando, e me preparando para aquele que seria o último dia da aventura.

Esse dia não há fotos, pois esqueci de carregar a bateria da camera na noite anterior. :-(

Weber




terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Dia 6: Antofagasta, CH - San Pedro de Atacama, CH

Saída do hotel por volta de 10 horas, depois do belo café da manhã, pois hoje a distancia era pequena até SPA.

Direto e sem paradas. Chegando em SPA no início da tarde, fui ao hotel indicado pelo amigo Renato Lopes e estava lotado. Segui então para o hotel Caminos del Incas, que o amigo Ramon esteve hospedado a poucos dias, e tinha uma habitacion disponible... Resolvido, e ainda tem acesso internet wi-fi...

Curiosidade: Em pleno deserto, num vilarejo no meio do nada, hoje temos tv a cabo e internet sem fio e outras maravilhas da tecnologia. Adoro a tecnologia, e por isso trabalho com ela!

Aproveitando que citei o amigo Renato, o parabenizo pela matéria de capa do jornal de POA nesta data, sobre sua super aventura aos extremos das américas, partindo de Santa Maria até o Alaska (extremo norte) e no retorno esticando até Ushuaia (extremo sul) em 5 meses e 18 dias na estrada se não me falha a memória, percorrendo mais de 68 mil kms... Esse sim é o legítimo "motoviajero" como ele se entitula em seus livros. Recomendo a leitura de suas obras, e aguardo ancioso pelo terceiro livro, descrevendo em detalhes esta última aventura.
Quem quiser conhecer mais, acesse http://renatolopesmotoviagem.com/

Voltando ao relato. Não tem muito o que falar da estrada, afinal é o deserto do atacama.... Sobre o vilarejo, é um local bacana e muito simples, com um charme todo especial por sua história, por estar no meio do deserto... Existem turistas de todo local aqui, nessa rápida caminhada ouvi inglês, alemão e frances, e claro, um grupo de brasileiros falando alto.... :-)

Na cidade tem a opção de caminhar um pouco e conhecer suas ruas históricas, um museo, e muitas lojinhas de artesões locais. Muitas agencias de turismo com diversas opções de passeios pela região. Acabei caminhando pelas ruas e comprando presentes para família, e retornei para o hotel, pois o sol esta forte.

Almoço foi em um restaurante muito simples, como a maioria no vilarejo. Um prato servido de 1/4 de pollo e papas fritas, uma espécie de prato do dia. Estava bom!
A noite pretendo procurar algum restaurante interessante...

No final da tarde acabei colocando os e-mails em dia sentado numa cadeira de balaço à sombra de uma arvore, curtindo o canto dos pássaros e uma brisa gostosa. Também para atualizar o blog.

Até cheguei a pensar em ficar um dia por aqui e fazer alguma programação local, como a tradicional visita ao Geyser de Tatio y poblado de machuca, mas o transporte sai as 4 da manhã e o passeio todo dura 8 horas, assim meu espírito andarrilho não me permite, me levando provávelmente amanhã mesmo para a Ruta.

O destino amanhã provávelmente será alguma cidade na Argentina cruzando o passo de Jama ou o Sico, pois ainda estou avaliando a programação para os próximos dias... Para variar estou bem adiantado no meu planejamento, então devo incluir algum novo destino, ou chegar mais cedo em casa...

Não adianta... Meu negócio é mesmo rodar, é isso que gosto quando faço essas aventuras. Não sou muito de ficar fazendo programas de turismo local, gosto de chegar na cidade, me hospedar, caminhar no centro, visitar aquilo que é destaque na cidade, e seguir à diante... Estou uma tarde em SPA, já fiz meu passeio, e já estou com sede de estrada. Mas vou me segurar até amanhã. :-)

Abaixo algumas fotos de hoje:

























































Weber


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Dia 5: Copiapó, CH - Antofagasta, CH

Hoje acordei mais tarde para recuperação do dia pesado de ontem.

Acabei saindo do hotel apenas as 11:00 horas, depois de um belo café da manhã.



Seguindo a dica de um maxi amigo (membro do grupo maxitrail) segui para Taltal, para pegar a costaneira a partir dessa cidade, o que seria uma rota recomendada pela sua beleza.



Obrigado Ebone pela dica, pois aquela costa realmente é muito bonita, assim como aquela serrinha quando termina a costa. Saíndo do nível do mar subindo até 2000 metros em uns 30 km, serpenteando entre as montanhas do deserto...



Quando parti de Copiapó hoje não sabia ao certo onde passaria a noite, e durante o decorrer da milha optei em subir até Antofagasta, uma cidade muito visitada pelos viajantes de moto, creio que devido sua beleza, e sua localização estratégica para quem sobe de Santiago ou quem segue para o Peru pela costa. Lembro que essa cidade não estava no planejamento, e foi incluída hoje, pois estou adiantado no cronograma.



Cidade bacana, com uma via Costaneira muito bonita. Na chegada visualizei na própria costaneira um hotel holiday Inn express, e fui chegando, pois tenho como uma boa rede e com preços justos, o que se confirmou ao realizar o check-in. Estou hospedado no 11 andar de frente para o pacífico, nesse momento aguardando o sol se pôr, para os devidos registros fotográficos.



Sobre a rota de Copiapó acima na região do Atacama (ruta 5), é muito bacana, uma larga estrada cortando o deserto, e em partes se visualiza o pacifico ao lado. Estrada muito boa, como a maioria no Chile, porém muitos km sem nada, só deserto! Rodei hoje 520 km de Copiapó até aqui, fazendo a volta pela costa, entrando em Taltal, e não visualizei nenhum posto em todo trajeto, apenas na chegada de Antofagasta.



Falando em abastecimento, também vale um comentário sobre a gasolina de 97 octanas do Chile. Em meu ritmo normal de viagem no Brasil faço média de 13 km/l, e aqui estou fazendo 16,5 km/l no mesmo ritmo, ou seja, é perceptível a diferença de uma gasolina pura, sem álcool e tantos outros "aditivos" da nossa porcaria de gasolina brasileira.



Aqui vale citar, a existencia de um controle rigoroso de velocidade nessa rota no Chile (Ruta 5). Há notícia que a polícia tem apreendido a habilitação de estrangeiros quando surpreendidos acima do limite, sendo necessário se apresentar numa audiência com um juíz para que ele determine a multa e demais sanções. Passei por dois pontos de controle, sem problemas, mas respeitando obviamente o limite da Ruta.



Amanhã seguirei para San Pedro do Atacama.



Abaixo algumas fotos de hoje:


























































































































Weber



domingo, 22 de janeiro de 2012

Dia 4: Tinogasta, AR - Copiapó, CH

Acordei cedo, pois faltou energia no hotel e desligou o ar condicionado do quarto. Olhei no relógio e eram apenas 6:00 da manhã. Levantei e comecei a me organizar, pois sabia que esse seria o dia mais difícel da aventura, devido a travessia da cordilheira, sua altitude e seus efeitos, assim como os quase 300 km de rípio que eram inevitáveis.

O café não estava pronto no hotel, e tendo em vista o padrão da pousada, nem esperei. Fui até uma loja de conveniência no centro, pois precisava levar garrafas de agua e algum lanche, ciente que por 550 km eu não encontraria postos ou lojas de conveniência. Aproveitei e tomei meu café da manhã aqui.

Tanque da moto cheio até o topo, pois próximo posto apenas em Copiapó, distante exatos 540 km daquele ponto. E deu certo! Quando cheguei a Copiapó e enchi o tanque, entraram 29 litros, utilizados nos 540 km, restando ainda 5 litros no tanque de 34 litros da GSA. Para motos com menor autonomia aqui é inevitável levar combustível, ou comprar avulso na ruta quando disponível. Tinha placa de venda de combustível na Aduana Argentina.

Rodei pelo asfalto até o passo, onde é necessária a parada para os devidos registros aduaneiros de saída da AR. De Tinogasta até o passo são 250 km de asfalto, os únicos do dia. A cada curva uma nova paisagem, em sua maioria dignas de cartão postal. A vontade é de parar a cada curva para registro, mas como o tempo não permite, assim registrei poucas delas, algumas abaixo.

Aqui não posso deixar de fazer um registro. As fotos, por melhores que sejam, jamais conseguem demonstrar a beleza natural desse local, a grandeza das montanhas e os milhares de detalhes esculpidos pela natureza. Em tempo, apenas quem se aventura dessa forma sabe o que é a mistura de sentimentos ao alcançarmos nossos objetivos e principalmente ao admirarmos a beleza desses locais, muitas vezes alcançados por tão poucos. Só quem já secou as lágrimas dentro do capacete e viveu momentos como esses, entende exatamente o que quero dizer.

Fato interessante que quando subia os últimos 1000 metros do passo, maravilhado com tudo aquilo, me dei conta que esta ouvindo e cantando a musica "nothing else matters" do Metálica dentre minha seleção de Rock anos 80/90 que me acompanha na estrada. Foi uma feliz coincidência com o momento que estava vivendo...

Voltando a aventura, a temperatura na saída de Tinogasta estava na faixa dos 23 graus. Logo aos 2.000 metros já era de 13 graus, caindo conforme a subida, chegando ao topo com apenas 5 graus, e aquele ventinho gelado característico da cordilheira. Só o fato de olhar para o lado e ver os vulcões cobertos de neve, e parecem tão próximo de você, já é suficiente para reduzir sua sensação termica.

Cruzei o passo na Aduana por volta de 10 horas da manhã e fui o segundo veículo a cruzar. Parece que poucos acordam cedo no domingo e resolvem "subir o morro". O veículo que passou antes foi um Honda com placas do Brasil, citou o funcionário da Aduana, muito gentil e prestativo. Percebendo que eu estava com frio, me serviu voluntariamente uma canéca de café quente, atitude que nos tempos atuais nos deixa com poucas palavras para agradecer tal gesto.

Voltando a ruta... O lado do Chile ainda esta um tanto intocado pelo homem, ao menos ainda não há asfalto e construções, e se avista os animais característicos dessa região correndo nos campos. Em determinado ponto, estacionei a moto em frente a um dos vulcões, sentei para beber uma agua e fazer um lanche de cereal, e não tenho palavras para descrever aquele momento de tranquilidade e silêncio, onde se ouvia apenas os sons da natureza...

Sobre a estrada e o ripel da qual é composta, não é mole não! Em algumas partes o solo esta bem compactado e se consegue manter velocidade na faixa de 100 km/h com segurança, porém surgem do nada bolsões de areia fofa, e ai o bicho pega... Em dois momentos me vi em maus lençois, ginetiando na moto para não ir ao chão. Em alguns pontos tem muita pedra solta, e a traseira vaibailando.... Foi um trecho muito tenso, pois precisa estar muito atento ao solo e suas mudanças.

Fiquei realmente cansado nesse dia, creio que devido a mistura do efeito da altitude e a tensão e esforço desse tipo de ruta. Nos últimos 100 km foram duros!

Do lado chileno em algumas partes tem muitos caminhões circulando da empresa que esta construíndo a nova estrada, assim imaginem o quanto eles tem prejudicado o ripel e tornado ainda mais complicado para os motociclistas.

Quem quiser conhecer essa ruta em sua forma original, deve fazer isso logo, pois logo a estrada estará terminada e veremos aqui ocorrer o mesmo que houve com os demais passos asfaltados, como San Francisco e o Jama.

Cheguei em Copiapó por voltas das 17 horas. Direto para o hotel.
Entrei no chuveiro com toda roupa, pois estava coberto de areia da ruta.

Amanhã ainda não sei o que será, pois estou adiantado no roteiro. Pode ser que tire um dia por aqui para descansar. Amanhã ao acordar, vou decidir...




























































Weber