O café não estava pronto no hotel, e tendo em vista o padrão da pousada, nem esperei. Fui até uma loja de conveniência no centro, pois precisava levar garrafas de agua e algum lanche, ciente que por 550 km eu não encontraria postos ou lojas de conveniência. Aproveitei e tomei meu café da manhã aqui.
Tanque da moto cheio até o topo, pois próximo posto apenas em Copiapó, distante exatos 540 km daquele ponto. E deu certo! Quando cheguei a Copiapó e enchi o tanque, entraram 29 litros, utilizados nos 540 km, restando ainda 5 litros no tanque de 34 litros da GSA. Para motos com menor autonomia aqui é inevitável levar combustível, ou comprar avulso na ruta quando disponível. Tinha placa de venda de combustível na Aduana Argentina.
Rodei pelo asfalto até o passo, onde é necessária a parada para os devidos registros aduaneiros de saída da AR. De Tinogasta até o passo são 250 km de asfalto, os únicos do dia. A cada curva uma nova paisagem, em sua maioria dignas de cartão postal. A vontade é de parar a cada curva para registro, mas como o tempo não permite, assim registrei poucas delas, algumas abaixo.
Aqui não posso deixar de fazer um registro. As fotos, por melhores que sejam, jamais conseguem demonstrar a beleza natural desse local, a grandeza das montanhas e os milhares de detalhes esculpidos pela natureza. Em tempo, apenas quem se aventura dessa forma sabe o que é a mistura de sentimentos ao alcançarmos nossos objetivos e principalmente ao admirarmos a beleza desses locais, muitas vezes alcançados por tão poucos. Só quem já secou as lágrimas dentro do capacete e viveu momentos como esses, entende exatamente o que quero dizer.
Fato interessante que quando subia os últimos 1000 metros do passo, maravilhado com tudo aquilo, me dei conta que esta ouvindo e cantando a musica "nothing else matters" do Metálica dentre minha seleção de Rock anos 80/90 que me acompanha na estrada. Foi uma feliz coincidência com o momento que estava vivendo...
Voltando a aventura, a temperatura na saída de Tinogasta estava na faixa dos 23 graus. Logo aos 2.000 metros já era de 13 graus, caindo conforme a subida, chegando ao topo com apenas 5 graus, e aquele ventinho gelado característico da cordilheira. Só o fato de olhar para o lado e ver os vulcões cobertos de neve, e parecem tão próximo de você, já é suficiente para reduzir sua sensação termica.
Cruzei o passo na Aduana por volta de 10 horas da manhã e fui o segundo veículo a cruzar. Parece que poucos acordam cedo no domingo e resolvem "subir o morro". O veículo que passou antes foi um Honda com placas do Brasil, citou o funcionário da Aduana, muito gentil e prestativo. Percebendo que eu estava com frio, me serviu voluntariamente uma canéca de café quente, atitude que nos tempos atuais nos deixa com poucas palavras para agradecer tal gesto.
Voltando a ruta... O lado do Chile ainda esta um tanto intocado pelo homem, ao menos ainda não há asfalto e construções, e se avista os animais característicos dessa região correndo nos campos. Em determinado ponto, estacionei a moto em frente a um dos vulcões, sentei para beber uma agua e fazer um lanche de cereal, e não tenho palavras para descrever aquele momento de tranquilidade e silêncio, onde se ouvia apenas os sons da natureza...
Sobre a estrada e o ripel da qual é composta, não é mole não! Em algumas partes o solo esta bem compactado e se consegue manter velocidade na faixa de 100 km/h com segurança, porém surgem do nada bolsões de areia fofa, e ai o bicho pega... Em dois momentos me vi em maus lençois, ginetiando na moto para não ir ao chão. Em alguns pontos tem muita pedra solta, e a traseira vaibailando.... Foi um trecho muito tenso, pois precisa estar muito atento ao solo e suas mudanças.
Fiquei realmente cansado nesse dia, creio que devido a mistura do efeito da altitude e a tensão e esforço desse tipo de ruta. Nos últimos 100 km foram duros!
Do lado chileno em algumas partes tem muitos caminhões circulando da empresa que esta construíndo a nova estrada, assim imaginem o quanto eles tem prejudicado o ripel e tornado ainda mais complicado para os motociclistas.
Quem quiser conhecer essa ruta em sua forma original, deve fazer isso logo, pois logo a estrada estará terminada e veremos aqui ocorrer o mesmo que houve com os demais passos asfaltados, como San Francisco e o Jama.
Cheguei em Copiapó por voltas das 17 horas. Direto para o hotel.
Entrei no chuveiro com toda roupa, pois estava coberto de areia da ruta.
Amanhã ainda não sei o que será, pois estou adiantado no roteiro. Pode ser que tire um dia por aqui para descansar. Amanhã ao acordar, vou decidir...



















Weber
MAXXI hermano,
ResponderExcluirÉ muito legal ler teus relatos.
Olhar as fotos postadas.
Alguns caminhos "refaço".
Outros adianto, mentalmente, o que me espera em termos de conhecimento e emoções.
Sigo em tua "companhia"
Um baita abraço.
bélissimo relato Weber. Parabéns pela aventura. Abraços
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